terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Os dias mais felizes de nossas vidas


Começa a ansiedade dos instantes que parecem infindáveis
Do calafrio na espinha a espera do momento de glória
Das lembranças dos queridos que a distância separa
Da proximidade que se fez amizade numa terra desconhecida
Das palavras sem sons que o coração escuta
O medo do triunfo ou a perplexidade de uma impossível derrota
Vem em lágrimas de saudades e em lágrimas de alegria
São as torrentes da felicidade
Que não precisa da matéria
Que se solidifica na experiência
Que se acalanta no aprendizado
Dessa breve e imutável convivência
Serão sempre felizes os arqueiros que adentram a mata
Que desbravam o desconhecido atrás do reconhecimento pessoal
E que não sobram elogios dos mestres ancestrais
Aos quais passaram por nós em forma de elementais
E são cinco os condimentos
Que nos fazem diferentes
Como o mágico e suas ilusões
Como o morcego e sua caverna
Como o pirata e sua caravela
Como o guerreiro e seus rojões
E a bela única dessa imensidão
São os dias mais felizes de nossas vidas
Que não se vão




Essa poesia é em homenagem aos arqueiros mais felizes de Natal

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Nem sei ao certo

Espelho-me na tua sombra degradê

Entre curvas do teu sorriso démodé

Para dizer com tabletes de clichê

O tal do amo você, como se isso fosse a coisa finda.

Como se isso fosse a minha vinda

Como se fosse colher uma flor Florinda

São prelúdios de nossa sina de querermos ser âmagos

Daria uma sombra de curvas e de sorrisos

De cataclismas e caprichos

Aos nossos sentidos mais bestiais de ir ao centro do profano

Por causa de um assim, simples clichê.

Para não poder dizer que te amo.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Eu por eu e para ela

É você mesma dentro dos olhos desse rapaz
tão lindo de um bonito que não termina nunca.
Ele estava sumido de você
desde um tempo em que você não sabia dele,
mas era como se o pressentisse, uma outra parte tua,
que vez em quando some, mas não deixa de existir dentro de você.

Ele é lindo e tem mais cores que o universo supõe
e ele ama aberto e com uma alma feito canção.
Uma gêmea alma tua, que estará sempre em seu redor,
como um círculo, uma aura colorida das cores que brincamos juntos...


Ele é um amor displicente,
desmemoriado de coisas nefastas
e faz com que tua alma seja bendita eternamente
e alegra as cores do teu dia,
mesmo estando fisicamente distante,
pois tuas essências misturadas não se dissipam nunca.
O que seria isso senão amor ?

Ele já me habita há tempos

Conquanto Cronos alegue ser pouco,
já o sei em mim muito antes de pôr meus olhos nele...
Não intento adjetivá-lo,
simplesmente porque não vejo como circunscrevê-lo
não há léxico que o contenha.

Só sei que, para onde quer que ele vá
- seja Budapeste, seja Cuba –
quero que ele me leve,
como já o faz em nossas viagens pelo lúdico
de sermos eu e ele!

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Convite para você

Eu sou o nada
nada sou.
Um exu, um anjo, um rei,
só não sou o que precisei.
Uma depressão
Uma alegoria
Eu sou o nada
nada, sou absoluto.

Uma flecha perfurando
meu coração, eu, aborto
sem direção, eu lancinando.

Eu sou aquilo entre o caos e o prazer
eu sou o nada,
nada sou eu o você.

Uma pose decadente
uma poça de elegância
como alguma podridão de dente
nada, sou radiante
nordestino e intinerante

Eu sou o nada
nada,
uma mulher rendeira,
nua, signora Itália
fugaz e trepadeira
que traz a pica na mortalha.

Eu sou o nada
um exu, um anjo, um rei
só não sou o que precisei
Uma faca
numa mão
Uma vaca
num colchão

Eu, tempo, tempero
com suor, o medo
eu, sangue, vermelho
com ódio, amor e nego
Um flautista de putas
um paraplégico alegorista
de céu cinza, santa puta
de azul e verde antimaterialista

Chance não quero
revanche te espero
eu sou o pagamento,
uma folha salarial
eu sou fragmento,
em meu mundo irracional.

Nada, e absoluto
como quinteto de cordas
Eu amuleto
de transas e ordas

Eu sou o nada,
nada, aonde eu for
costumes de vida a escapar
em preto e branco, meu odor

Eu sou o que quero levar
o grito, desespero
a vida inteira pecar
na mistura meu tempero

Eu sou o nada,
nada, estação singela
pôr-do-sol, mel, eu, porrada
corpo quente, na relva da primavera.

Um exu, um anjo, um rei
só não sou o que precisei
Chega, e depois?
Aqui e sozinho?
sou pra acompanhar, tigela e arroz
um ser ferido e sozinho?

Sou a janela de manhã
A pedra e a pílula, eu, genital
O travesseiro de manhã
Com a chuva, eu, temporal.

História e segredo
Cinema, choro e ilusão
Minha geografia, eu, medo
Eu sou o que não vivi, eu, adoção.

Passo e a estrada se esguia
Corto meu pêlo, eu e o pulso
Numa tarde verde-cinza-fria
Eu lago doce, rio sem curso
Só não sou o que precisei
Um exu, um anjo, um rei.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Êssi Homi

Com um veludo negro dissimulei a razão,
Com um uivo apaguei minha inclinação para o celeste
Enquanto a lua nua e redonda
Levantava as ondas tingindo o mar de prata solitário.
Mas antes de partir voltei o rosto árido
E toquei a areia, acariciei as rosas,
E disse que era o defensor essencial dos rostos pálidos,
Dos anos não nascidos,
E que só de claridade viveria o homem à luz prata.
Depois...,
Os dias fecharam:
Ao mar me dei.

Flores Impossíveis

Hoje, Quero rosas e lírios
À beira dum rio
Onde crescem orquídeas
E flores impossíveis
À margem só de um inexistente mar sem fim.

Hoje,
Quero estar sem mim,
À beira de vida e existência.
Quero estar de canto
Cantando versos sem nexos.
Quero dar ouvido para as imagens
E olhos impossíveis para os sons.
Dar de cara com os minutos compridos
E ver o tempo em marcha lenta.
Sem explicação,
Sem ação,
Sem unidade e excitação.
Quero ver que cor tem o som do silêncio,
E que este me ensine a fazer
Os versos que não sei.

Se pudesse, queria saber
Onde se escondem os mistérios;
E brincaria de esconde-esconde com eles...
Mas eu não sei nada!

Então!
Queira eu a sabedoria,
Que se fosse concreta,
Viria no cheiro duma flor impossível
Que cresce à beira dum mar sem fim,
Numa praia confusa e sem areia,
Unidade e nexos.

Hoje,
Quero os pensamentos vagos
Sem vontade e mensagens nenhumas.
Flores,
Só flores:
Orquídeas, rosas
E lírios também.
Flores impossíveis e sem nexo
Com o cheiro da emoção,
Da inspiração
E da loucura.

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Palavras despretensiosas

Eu te amo!
Você é a minha vida!
Mulher dos meus sonhos!
Minha doce querida!
Anda, abre logo estas pernas,
para que eu jorre o início da tua nova vida...
Foi bom pra você?

terça-feira, 24 de julho de 2007

Sem nome

Jesus que conheço não é o que as religiões pregam e endeusam, não é o Jesus dos pecados e dos milagres, não é o Jesus da bíblia, que conheci quando criança. O Jesus que conheço, ninguém conhece, ninguém vê, nem mesmo vejo, sem denominação. É, eu sinto, ou não.

É Pedro Suspiro que anda pela cidade baixa, de cabisbaixa, com a fome de atenção de amor, com fome de massas, de glamour. Pedro é um político dos botecos. Pedro Suspiro, que um dia foi apóstolo de Jesus e o negou por três vezes, ou não.

É que o universo pode ser um vazio no canto da sala, cheio de átomos e perspectivas frustrantes. Pode ser que seja, pode ser que tenha, pode ser que se, ou não.

É que se o se não existisse, é que toda forma de amor e dor são iguais, é que sou dono da palavra, dono do egoísmo e dono das paixões, é que vi hoje em seus olhos os meus olhos, em meus sonhos o seu sexo é que sou seu nexo e você o meu sexo, ou não.

É que preciso ter dinheiro, preciso olhar pro lado quando vejo outro que não tem a minha cara, meu caro. E dentro dos ônibus lotados e dentro das pontes nostálgicas e dentro dos poemas clichês e dentro das meninas sorrisos e dentro de mim, ou não.

É que os sonhos apenas começam, sempre começam, é que a vida é a morte, é que deus, palavra única e dogmas únicos, é que demônios e ratos estão nos mesmos lugares, é que homens e ratos estão nos mesmos lugares, é que sonhos e ratos estão nos mesmos lugares, ou não.

É que hoje de manhã acordei sorrindo, porque ontem sonhei com ti, é que acordei te amando porque ontem gozei com ti, é que sou seu, porque ontem fui de ti, é que entrego-me, somos um, ou não.

É que todo mundo diz assim: eu tou bem, eu tou sempre bem, tou massa, tou feliz, nunca estive melhor, e você...todo mundo fica bem, todo mundo está bem, ou não.

É que as palavras todas somem de mim, é que sou interrompido, bem quisto, é que meu sorriso está entregue é que fui feliz sou feliz, é que somem as vírgulas as regras os acentos os intentos, os novos as palavras inventadas, ou não.

É atitude de falar sobre o amor, sobre as formas, sobre o cú, sobre ela: a vagina, sobre ela: a minha menina, atitude de também calar, mas pouco calo, é pouco que sinto sem falar, mas é que eu sinto, ou não.

É o equilíbrio entre o ser e o estar, é o equilíbrio que a van as asas as guardas é o esquisito o equilíbrio o êmbrio o suspiro o Pedro Suspiro e Jesus que não vejo apenas sinto, é o infinito é a delimitação do que não sei, é o que penso é o que falo é o que os outros falam é o que fazemos e fingimos que não vemos é uma nova velha torta certa contraditória situação oposição é minha alucinidade minha divindade, minha materialidade meu egoísmo meu medo e meu suspiro, ou não.

É a forma mais estranha de continuar, é a Bahia que dorme na beira da praia, são os sonhos e os donos, são as donas e suas cinturas, é o amor e seu castigo, é Jesus e Maria Madalena procriando sem que Deus saiba, é a parede branca, sala de reboco forró Gonzaga, guitarra baiana, Torquato Neto e Waly Salomão, Pedro Suspiro, e Sérgio Caetano, é aroga oigreS , é agora meus amigos , é nesta manhã, é neste minuto é neste universo no canto da sala vazia e de paredes brancas, ou não.

É que descobri que existem uns dois três mil infinitos, é que existem e não existem é que descobri um filósofo dentro de mim um semi-árido todo dentro de mim é que descobri em um boteco um político e um poeta e uma piauiense em mim é que descobri um egoísta um cego em mim é que descobri mesmo sem saber ou ver, ou não.

É porque os outros lhe apontam. É porque andam pelas sombras é porque dói nas entranhas, é porque o vício de escrever é grande, é porque a dor de não ter é grande é porque você e eu somos um, é por si e por mim, e cada um a sós, ou não.

É que o cheiro de minhas mãos estão fugindo como as outras coisas que fugiram também, é que as lágrimas sempre saem quando se diz adeus e quando se diz oi também, é que o sorriso esta tímido descaradamente como as minhas asas, é que ela nem sabe que “ela”, é ela, ou não.

É que perdido eu vou, sem nem entender, e quando entendo, não sei explicar, é que eu sinto, ou não.

Vou suspiro e vou, mesmo aqui em frente às máquinas e as dores de minha vida, de meu dia, de minha manhã, as dores de meu amor, as dores que eu levanto, beijo, arranco e novamente abraço, amor é o que eu sinto vivo, sou ti e somos nós, mas nem sabemos nem vemos, é sem denominação. Ou não.

Poesia de Um Grande Amigo,Poeta e Inspirador.José Augusto Couto Sampaio Neto mais conhecido na prelúdica Salvador por Juazeiro.
Uma homenagem a nós dois ao dia do amigo.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

"Os tres mal-amados"

O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome. O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos. O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina. O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos. Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina. O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água. O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome. O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel. O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso. O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.

João Cabral de Melo Neto

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Entre o Verbo, o ser e o sonho.

Temos inquietações parecidas
como saber se o rumo é o da direção do sonho?
qual o sentido desse atropelo, da velocidade dos acontecimentos,
estrada que às vezes tem tantas bifurcações?

O jeito é andar, seguir em frente!
Nada melhor é estar com Deus, é assim que se diz né? Fica com Deus.
Porra, Deus sou eu.
o começo e o fim
e nada melhor do que está comigo mesmo
talvez em outro lugar em outra era talvez até nunca.

São os sonhos o meu lugar proibido
aonde me desnudo
me viro pelo avesso desinibido
quando o cheiro não precisa de canudo
nem o paladar de sabores
aonde tudo me é permitido
e ai eu durmo.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

O Olho

Tem gente que tem cheiro de passarinho quando canta
de sol quando acorda
de flor quando ri.

Ao lado delas, a gente sente o balanço
de uma rede que dança gostoso numa tarde grande,
sem relógio e sem agenda.

Ao lado delas, a gente se sente comendo pipoca na praça
lambuzando o queixo de sorvete
melando os dedos com algodão doce
da cor mais doce que tem pra escolher
o tempo é outro
E a vida fica com a cara que ela tem de verdade,
mas que a gente desaprende de ver.

A Lua e Eu

Fui feito em uma noite de lua cheia,
está escrito no firmamento,
lua tão imensa ninguém nunca viu!
Parecia o fim,
tanta beleza não podia ser deste mundo.

Fui feito do sal das lágrimas,
do gosto amargo do suor,
do aconchego do riso,
do desconcerto brutal dos gestos.
O luar, esse, espreitava.


Nasci assim, curioso do mundo, enrolado como um bicho-da-seda,
na minha casa entrava a espuma do mar
e os espelhos devolviam-me o olhar,
na superfície mate do sal.
Nasci do nada, no meio de nada.
Este corpo que é o meu, é apenas isso, um corpo.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

É?

Sou assim desmesurado no meio de sensações
como uma válvula a expelir ar rarefeito
a rolar como uma bexiga esverdeada
Num céu colorido pelo arco-íris.

Sou assim meio atônito as inibições do ser antropofágico
humano radicado em outra galáxia
gaiteiro de sons libidinosos
com acordes melancólicos
E cheiros de putrefação

Não desligo minha caixa cefálica
nem tão pouco amo a complacência
e sou assim mesmo
meio barômetro
meio canônico
meio turbulência.

O amor?

O amor é a fonte da vida
não falo do amor clichê
Desse tipinho démodé
que só quem ganha é um tal de eu e você.

Quero tratar do amor sem fronteiras
do amor sem limites
o amor que o homem ainda não enxerga
que é interrompido por nossos julgamentos
por nossas atitudes mesquinhas
onde só se ama o que se compreende por belo
em que a estética vai além do prazer de sorrir e dizer eu te amo
com culpa
com medo
com interesses

Talvez não reinvente um modelo de amor
nem me deleite com essa mudança
esse calafrio
esse furor

Esse é o amor de que falo
um amor eterno em consonância com tudo que existe
não sei se entendo do que falo
mais sinto no instante em que me vejo como um pedaço
de tudo que existe
de todos que não conheço
das lágrimas de minha alegria em ser pedaço
da energia que capto de cada pedaço
e que devolvo no mesmo pedaço de minha intensidade
é assim o amor
é assim o amor
era pra ser assim o amor
será assim o amor
a evolução do homem é o amor
AMOR.
E no final o que resta sou eu o homem
O amor?

terça-feira, 26 de junho de 2007

Convite Revista Vitrine



Convite feito para comemoração dos 3 anos da Revista Vitrine realizado no Dunnas Boliche em formato de pino de boliche com uma faca especial para sustentar o convite em pé.

Criação: Sérgio Caetano e Pedro Luccas

Arte Final: Victor Aires

Fotografia: Luis Morais

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Meu Preço

Custo o dinheiro que for necessário
por uma noite de prazer
por uma torrente a consumir e a beber
Os anseios de ser salafraio.
Assim bem calorosamente encosto minhas mãos em teu bolso
E tiro deles o papel que me compra
Com uma sede e um alvoroço
Meu preço é o reflexo da tua sombra.

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Poeminha de velhos amantes

Só peço a ti que lembres dessa nossa juventude,
porque o tempo remove aos poucos toda forma de atitude.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Desejo

Talvez devesse saber como são os duendes dos contos de fadas,
entretanto desejo apenas sua mão quando me afagas.

Por onde andas

Vejo em ti toda a beleza do céu e toda a riqueza do mar
Vejo por versos meus a essência do seu crepúsculo
E então corro contra o tempo e contra todas as correntes
Degladio com meu ego questionador,
Escrevo cartas de amor e contemplo a miséria alheia, passando por minha retina incolor
um desejo em preto e branco que me assombra e me emudece
Talvez nem quisesse... mas pergunto:
Amada minha por onde andas?
Amada minha por quanto me abandonas?
Corre linda, salta os muros desta cidade,
prega em meu peito as lembranças do teu sorriso
enfia a faca da tua maldade
e me leva deste sonho sombrio.

Enclausurado

As janelas estão fechadas,
entre os lírios do jardim.
Suas mãos entrelaçadas
pedindo perdão a mim.
Um apelo que te faço pequena amargura,
não seques o leito em que adormece teus sonhos
nem tente cortar teus pulsos por simples loucura
busca neste quarto a solidão existente
e abre a janela para admirar os meus enclausurados pombos.

Nem um ponto a mais

Quando estive no precipício dos teus sonhos
tu me revestiste de alegoria,
com a vírgula mais estranha
removeu com euforia
as interrogações das minhas entranhas.

Amanadamente

Bela da aurora e do crepúsculo,
do arrebol colorido por serafins e arcanjos
da doce melancolia e dos balburdios
dos sonetos dos versos e dos encantos.

Minha própria morte

Faz tempo que não vejo a minha vida, nem os meus amores, nem os meus desafetos,
Faz tempo que não me lembro do meu nome nem mesmo de algum objeto
Faz tempo que já não chove no meu quintal, nem mesmo na minha cidade
Faz tempo que não me deleito com as proezas da minha maldade
Outrossim, houveram tempos em que fui bonito e galante
Correndo por pastos belos atrás de donzelas excitantes,
nesse tempo quis viver até o dia da minha morte
Quis gritar e gozar e até mesmo pular cercas enormes

Foi numa descarga elétrica destas cercas que encontrei a minha má sorte.

Meu preço

Custo o dinheiro que for necessário
por uma noite de prazer
por uma torrente a consumir e a beber
Os anseios de ser salafraio.


Assim bem calorosamente

encosto minhas mãos em teu bolso
E tiro deles o papel que me compra
Com uma sede e um alvoroço
Meu preço é o reflexo da tua sombra.

Pedaço de Mim

Talvez eu volte a Cajazeiras
e encontre os meninos no campinho.
Quem sabe eu vá a cajazeiras
E me esconda em um barzinho.

Talvez até me envolva no pagode
e veja a negra com seu balaio sacode
a dançar insinuante e faceira
nos belos dias de Cajazeiras.

Talvez até encontre Cara de Cobra, Dedeco e Bobô
e com eles quebrar o ritmo do agogô
e sorrir como nunca em Cajazeiras
e se a sorte quiser,
talvez eu morra em Cajazeiras.

Homenagem a um lugar de personagens reais e inconfundíveis.

Devaneios e Estações

Neste sol exuberante de maio
Neste banco ou naquela praça
Neste ser sentado e solitário
Um vento imponente me ultrapassa.

Neste sol exuberante de maio
Nesta flor singela um pedaço
Neste mar azul e eu sentado
Apreciando o malte gelado.

E então uma chuva grossa e repentina,
a caminhar pelo horizonte
a anunciar o mês de junho.