terça-feira, 21 de agosto de 2007

Convite para você

Eu sou o nada
nada sou.
Um exu, um anjo, um rei,
só não sou o que precisei.
Uma depressão
Uma alegoria
Eu sou o nada
nada, sou absoluto.

Uma flecha perfurando
meu coração, eu, aborto
sem direção, eu lancinando.

Eu sou aquilo entre o caos e o prazer
eu sou o nada,
nada sou eu o você.

Uma pose decadente
uma poça de elegância
como alguma podridão de dente
nada, sou radiante
nordestino e intinerante

Eu sou o nada
nada,
uma mulher rendeira,
nua, signora Itália
fugaz e trepadeira
que traz a pica na mortalha.

Eu sou o nada
um exu, um anjo, um rei
só não sou o que precisei
Uma faca
numa mão
Uma vaca
num colchão

Eu, tempo, tempero
com suor, o medo
eu, sangue, vermelho
com ódio, amor e nego
Um flautista de putas
um paraplégico alegorista
de céu cinza, santa puta
de azul e verde antimaterialista

Chance não quero
revanche te espero
eu sou o pagamento,
uma folha salarial
eu sou fragmento,
em meu mundo irracional.

Nada, e absoluto
como quinteto de cordas
Eu amuleto
de transas e ordas

Eu sou o nada,
nada, aonde eu for
costumes de vida a escapar
em preto e branco, meu odor

Eu sou o que quero levar
o grito, desespero
a vida inteira pecar
na mistura meu tempero

Eu sou o nada,
nada, estação singela
pôr-do-sol, mel, eu, porrada
corpo quente, na relva da primavera.

Um exu, um anjo, um rei
só não sou o que precisei
Chega, e depois?
Aqui e sozinho?
sou pra acompanhar, tigela e arroz
um ser ferido e sozinho?

Sou a janela de manhã
A pedra e a pílula, eu, genital
O travesseiro de manhã
Com a chuva, eu, temporal.

História e segredo
Cinema, choro e ilusão
Minha geografia, eu, medo
Eu sou o que não vivi, eu, adoção.

Passo e a estrada se esguia
Corto meu pêlo, eu e o pulso
Numa tarde verde-cinza-fria
Eu lago doce, rio sem curso
Só não sou o que precisei
Um exu, um anjo, um rei.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Êssi Homi

Com um veludo negro dissimulei a razão,
Com um uivo apaguei minha inclinação para o celeste
Enquanto a lua nua e redonda
Levantava as ondas tingindo o mar de prata solitário.
Mas antes de partir voltei o rosto árido
E toquei a areia, acariciei as rosas,
E disse que era o defensor essencial dos rostos pálidos,
Dos anos não nascidos,
E que só de claridade viveria o homem à luz prata.
Depois...,
Os dias fecharam:
Ao mar me dei.

Flores Impossíveis

Hoje, Quero rosas e lírios
À beira dum rio
Onde crescem orquídeas
E flores impossíveis
À margem só de um inexistente mar sem fim.

Hoje,
Quero estar sem mim,
À beira de vida e existência.
Quero estar de canto
Cantando versos sem nexos.
Quero dar ouvido para as imagens
E olhos impossíveis para os sons.
Dar de cara com os minutos compridos
E ver o tempo em marcha lenta.
Sem explicação,
Sem ação,
Sem unidade e excitação.
Quero ver que cor tem o som do silêncio,
E que este me ensine a fazer
Os versos que não sei.

Se pudesse, queria saber
Onde se escondem os mistérios;
E brincaria de esconde-esconde com eles...
Mas eu não sei nada!

Então!
Queira eu a sabedoria,
Que se fosse concreta,
Viria no cheiro duma flor impossível
Que cresce à beira dum mar sem fim,
Numa praia confusa e sem areia,
Unidade e nexos.

Hoje,
Quero os pensamentos vagos
Sem vontade e mensagens nenhumas.
Flores,
Só flores:
Orquídeas, rosas
E lírios também.
Flores impossíveis e sem nexo
Com o cheiro da emoção,
Da inspiração
E da loucura.

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Palavras despretensiosas

Eu te amo!
Você é a minha vida!
Mulher dos meus sonhos!
Minha doce querida!
Anda, abre logo estas pernas,
para que eu jorre o início da tua nova vida...
Foi bom pra você?